sábado, 22 de outubro de 2011

Reflexão sobre o Movimento Estudantil


Ao observarmos o século passado, encontramos a presença do Movimento Estudantil (ME) nos principais acontecimentos históricos mundiais e nacionais. A história mostra o papel auxiliar do movimento estudantil no processo de transformação social ao polarizar (e, por vezes, radicalizar) tensões, demonstrando ser o ME o produto social e a expressão política das tensões latentes e difusas da sociedade. O modo como esta sociedade se divide em grupos políticos condicionará a forma como os estudantes se agrupam politicamente. Desta mesma forma, a divisão de classes presente fora da Universidade irá se refletir na heterogeneidade do movimento estudantil. Nós, defendemos a parte do o movimento estudantil que se posiciona ao lado dos trabalhadores na luta por uma sociedade melhor.

Hoje em dia, o ME sofre de deficiências que não são só suas. Temos de herança práticas geradas em um período onde a burocratização, o personalismo, a disputa de entidades como objetivo final, entre outras práticas foram internalizadas pela esquerda. As práticas dos movimentos costumam ser geradas pelas necessidades e condições que dado momento histórico impõe ou proporciona, o problema aqui é que estas permanecem durante certo tempo.

Uma das marcas que fica no movimento estudantil, e que reflete sua burocratização e afastamento do cotidiano dos estudantes em geral, é o fenômeno das unidades construídas em torno de bandeiras pontuais, que não contam com o respaldo da base dos estudantes. São bandeiras de luta muitas vezes, mas que garantem apenas uma coesão circunstancial e efêmera do ME, não colocando o estudante comum em movimento pela defesa de seus interesses, estudante que termina delegando aos seus representantes que façam política por ele.

Se temos como objetivo uma educação gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, precisamos que cada estudante se envolva neste processo de luta, para que o movimento tenha força e possa garantir vitórias. A precarização geral das universidades se expressa em cada curso, cada sala de aula. Logo, uma das tarefas do ME atualmente é voltar para a base dos estudantes, isso significa, valorizar mais as pautas vindas destes em detrimento das pautas inventadas pelas direções. Não, é claro, tomando-as como um fim em si mesmas, mas contextualizando política, histórica e economicamente, mostrando aos colegas que cada problema de seus cursos esta relacionado a questões sociais mais amplas.

Além disso, para que as ações do movimento estudantil não sejam descoladas de um movimento mais profundo de contestação social, é necessária uma leitura visceral da sociedade. Esta leitura só é possível com um ME que mantenha um pé dentro e outro fora da Universidade. Neste sentido, a luta na Universidade, que garanta um movimento estudantil aliado a classe trabalhadora, que garanta conquistas para os trabalhadores durante seu processo de qualificação no ensino superior e depois, é estratégica para a luta por uma outra sociedade.

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