terça-feira, 25 de outubro de 2011
Onde tu esconde teu preconceito?
No dia de ontem um assunto tomou conta da rede social Facebook: a discriminação de gênero contida numa charge supostamente feita pela chapa 5 – Para Além dos Muros. A esse respeito, divulgamos uma nota pública ainda na manhã em que o material começou a circular salientando que “dita charge foi uma manifestação individual, não tendo qualquer relação com as idéias defendidas coletivamente pelo grupo. Tão logo fomos informados da charge, solicitamos a retirada de sua veiculação na rede pelo indivíduo, por discordar peremptoriamente de seu conteúdo e rechaçar qualquer veiculação direta ou indireta com o material”. (leia a nota na íntegra no nosso perfil)
Todavia, as repercussões do ocorrido nos trouxeram importantes reflexões que compartilhamos com tod@s. Ainda que as intenções do autor da charge possam ter sido a de uma crítica a uma prática infelizmente recorrente no movimento estudantil, a maneira de expressá-la reproduziu aspectos discriminatórios presentes no senso-comum. Nossa chapa busca superar cotidianamente a discriminação, inclusive quando ela se apresenta entre os nossos integrantes. A nossa nominata é formada na sua maioria por mulheres, que possuem uma trajetória ativa e reconhecida no movimento feminista. Boa parte de noss@s integrantes estiveram presentes na construção dos três Encontros de Mulheres da UFRGS, nas manifestações do 8 de março, e em diversos espaços de discussão de gênero no meio universitário e fora dele.
A partir dessa vivência, entendemos que a consciência das pessoas (seja de gênero, de classe, racial ou de livre orientação sexual) não surge do dia para a noite, mas é fruto de um processo de reflexão, ação e reinterpretação de práticas. Ao toparmos a empreitada de montar uma chapa diferente, que não estivesse limitada aos moldes usuais do movimento estudantil, buscamos agregar também os estudantes que até então não participavam dele. Ao fazer isso, reconhecemos o desafio de engajá-los nas atividades sem fazer deles meros expectadores, pois defendemos um movimento participativo e inclusivo. O episódio da charge de ontem somente reforça nossa posição de que a ação coletiva é uma espécie de escola: os equívocos devem ser sim repreendidos, mas como forma de amadurecimento do grupo, uma vez que pode haver ritmos diferentes, mas estamos juntos e nosso objetivo é o que nos une.
O exemplo de ontem deve ser pedagógico. Esperamos que o ocorrido sirva como motivador de reflexão não só para as práticas do autor da charge, mas de tod@s estudantes da nossa Universidade. Melhor do que ignorar ou negar as contradições é tentar superá-las através do diálogo, reflexão e ação. Por acreditar que o machismo não é um problema de uma pessoa ou de uma chapa, queremos convidar tod@s @s estudantes a participar da Roda de Discussão Aberta sobre Gênero e Feminismo, que rolará nessa quarta-feira, às 15h na entrada do Campus do Vale. Essa é a nossa forma de fazer campanha.
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